Thursday, May 17, 2007

Agostinho

"(...)toda a prova da existência de deus o rebaixa ao nosso nível"

"Um deus provado deixaria de ser Deus, pois não excederia em nada a nossa capacidade lógica."

Agostinho da Silva (Reflexões, aforismos e paradoxos)

Tuesday, May 15, 2007

Noite esquecida?


Sinto-me atormentado com o movimento, das nuvens, do chão...do meu próprio corpo que foge.
Mordo-te e a tua alma sabe-me estranhamente bem no momento em que tento manter os braços o mais possível encostados ao corpo.
-Mantém-te quieto, tenho medo de voar...
Tens o corpo demasiado pálido, os olhos brilham demasiado,tenho medo.
Este quarto parece-se demasiado com o meu e os temores escondidos no armário foram marcados com o meu ferro mas...tu...não sei, tenho o sabor do teu corpo gravado no mesmo lugar onde perdi as duas últimas noites, não sei...talvez sejas um unicórnio perdido na minha cama?
O cavalo no outro lado do quarto parece estar a meio caminho entre este mundo e o meu...não sei, não consigo manter os braços quietos, caio...a primeira ferroada gélida, uma explosão de luz tão intensa que me faz estalar os ouvidos e expelir a última noite pela boca fora...
Acordas e eu não sei, quem és e o que fazes aqui no meu quarto!

**Capítulo 11: O Encontro no Quarto Misterioso**

O quarto estava mergulhado na penumbra, e os pensamentos de J eram tão turbulentos quanto a tempestade lá fora. Cada som do mundo exterior, o movimento das nuvens, do chão, e até mesmo do seu próprio corpo, parecia atormentá-lo.

Os olhos da pessoa que estava ao seu lado brilhavam intensamente, e seu corpo pálido e delicado parecia não pertencer àquele mundo. Ao sentir o toque, J se viu mordendo essa figura misteriosa, e, de alguma forma, a alma do estranho lhe era estranhamente reconfortante, como se a presença dessa pessoa fosse um antídoto para a sua própria agonia.

"Por favor, mantém-te quieto, tenho medo de voar...", sussurrou o desconhecido, enquanto mantinha seus braços junto ao corpo. Uma sensação de desconexão com a realidade pairava sobre o quarto, tornando-o semelhante ao seu próprio, mas com temores guardados no armário, marcados com seu ferro.

Entretanto, algo na figura misteriosa o intrigava. Ela tinha o sabor do seu corpo gravado no mesmo lugar onde havia perdido as duas últimas noites, criando uma sensação de familiaridade e estranheza ao mesmo tempo. Seria ela um unicórnio perdido em sua cama, uma criatura mágica cuja natureza escapava à compreensão humana?

O cavalo no canto do quarto parecia estar em algum ponto intermediário entre dois mundos, um símbolo enigmático de transição. J tentou manter os braços quietos, mas o medo e a confusão o fizeram cair em um abismo de sensações intensas.

A primeira ferroada gelada da realidade foi como uma explosão de luz, fazendo seus ouvidos estalarem e expelindo a última noite pela boca fora. Ele acordou, e a figura misteriosa ao seu lado o observava, mas ele não sabia quem era ou o que estava fazendo em seu quarto.

Nesse momento de perplexidade, o quarto parecia um labirinto de mistério, e o encontro com essa pessoa desconhecida permanecia como um enigma a ser desvendado. Quem era ela, e o que os ligava naquele espaço enigmático entre realidade e sonho? As respostas estavam ocultas nas sombras do quarto e nos segredos que ainda estavam por revelar.

Monday, May 14, 2007

برينت متّر



Sinto que isolado em mim existe o potencial de uma imagem reproduzida sem fim, de um todo que se completa no vazio. Sou o que nunca serei por que me escolhi sem saber que em todos nós existe o vazio de não haver nem princípio nem fim.


**Capítulo 10: O Vazio e o Potencial**

João contemplou a vastidão de seu próprio ser, uma introspecção profunda que o levou a um território inexplorado de sua alma. Ele sentiu que, isolado em si mesmo, existia um potencial imenso, uma imagem que poderia ser reproduzida sem fim, um todo que se completaria no vazio.

Nesse momento de reflexão, João compreendeu que era o que nunca seria, porque se escolhera sem a consciência de que, em todos nós, habitava o vazio da ausência de princípio e fim. Era como se ele fosse uma peça de um quebra-cabeça cósmico, uma parte de um todo infinito, sem limitações definidas.

O vazio não era um abismo a ser temido, mas um espaço em branco, um campo de possibilidades ilimitadas. Era o terreno fértil onde o potencial nascia, onde as imagens e os sonhos podiam florescer sem restrições. João percebeu que, ao abraçar o vazio, ele dava vida ao seu próprio potencial.

Nesse silêncio interior, João encontrou uma nova compreensão de si mesmo e do universo que o cercava. Ele percebeu que, ao aceitar o vazio e o potencial que residiam dentro de si, ele se tornava uma parte integral do todo, uma peça valiosa do quebra-cabeça universal.

E assim, João abraçou a ideia de que, em todos nós, existia o vazio e o potencial. Era uma dualidade que não podia ser separada, uma verdade fundamental da existência. Ele decidiu explorar o potencial em seu interior, sabendo que, mesmo que nunca se completasse, o processo de busca e descoberta era uma jornada rica em significado e beleza. O vazio não era uma limitação, mas um convite para criar, crescer e se tornar o que ele estava destinado a ser.